As verdades sobre fazer intercambio na Irlanda que ninguém te conta
- Juliana Hansen
- 10 de mai. de 2018
- 6 min de leitura
Essa semana vai fazer um mês que chegamos na Irlanda e, desde então, já experimentamos muitas - muuuitas - situações que não estávamos esperando. Quando a gente escolheu vir pra cá, a gente não sabia muito sobre o pais e, inocentemente (eu admito), acreditamos em tudo que a nossa agente de viagens falou, vendendo um curso maravilhoso, com oportunidades ótimas de emprego e total apoio da agência aqui na Irlanda. Mesmo assim a gente também sempre soube que Dublin estava cheio de brasileiros que, exatamente como nós, queriam a oportunidade de trabalhar e estudar na Europa. E com as pesquisas e grupos do facebook que entramos começamos a ter um pouco de ideia da situação real que rola aqui.
Nesse post queria bater um papo sincero com quem pensa em fazer um intercambio pra cá. Já aviso logo que não é uma lista de reclamações, cada dia venho tentando gostar mais de Dublin e realmente consigo entender por que tantas pessoas se apaixonam por aqui. O objetivo dessa conversa é só te preparar e te contar aquilo que ninguém falou com a gente no pré embarque, e que podia ter nos deixado menos assustadas durante todos esses altos e baixos que vivemos. Então lá vai, as 4 coisas que você precisa saber sobre estudar e trabalhar na Irlanda.

1) Aqui vai ter muito mais brasileiro do que você espera
Sempre ouvimos falar da quantidade de Brasileiros que viviam na Irlanda e queriam fazer o mesmo que nós. Mas sei lá, na nossa cabeça pensávamos que a situação era um pouco diferente, que assim como a Austrália, ou o Canadá, que também abrem espaço para estudantes trabalharem, o governo teria um controle maior da situação. Não é bem isso que acontece, e o numero de brasileiros aqui é muito grande. Na nossa escola por exemplo os alunos gringos são raridade, e ouvimos de nossos outros amigos que as outras escolas são do mesmo jeito. Na minha turma são só brasileiros, e é quase impossível fazer qualquer coisa pelo centro sem escutar alguém falando português do seu lado.
Eu acho maravilhoso que tantas pessoas estejam conseguindo viver esse sonho de morar aqui, e fico feliz por cada uma delas. Aqui já conheci uma galera do Brasil todo, que provavelmente eu nunca viria a conhecer lá dentro do nosso país, e isso é maravilhoso. Mesmo assim, conterrâneos tendem à ficar mais próximos e se apoiarem quando estão longe de casa, né? E por aqui é muito fácil acabar esquecendo do objetivo de falar ingles e acabar passando todo o tempo falando sua língua natal. Não é raro ir ao bar e o atendente ser brasileiro, entrar em uma padaria e receber um "bom dia". É tanto brasileiro que até pagode e funk rola todo domingo e terça, e fica lotado! Então, se a sua ideia é realmente ficar imersa em uma nova cultura e só falar uma nova língua, as opções são escolher outro destino ou procurar se manter sempre focada por aqui, sem se deixar levar pela vontade e facilidade de falar portugês ahaha

2) O sistema de moradia ta saindo do controle e o governo não ajuda muito
Nosso grande primeiro problema aqui foi encontrar um apartamento. Quando fechamos nosso intercambio escolhemos passar duas semanas na acomodação da agência enquanto procurávamos um apartamento pra alugar. Aqui todo mundo faz isso, as vezes ficando mais tempo na acomodação, as vezes menos, mas sempre com esse suporte no inicio. Perguntamos na agência, ainda lá no Rio de Janeiro, como tava o esquema de casa por lá, e o que nos disseram é que podia ser chatinho, mas duas semanas eram mais que suficientes pra gente resolver isso. Spoiller: não foi.
Logo na primeira semana de aula já começamos a caça ao apartamento, procurando no facebook, em grupos daqui, e em um site de anúncios. De cara vimos que ia ser mais dificil conseguir três vagas em uma casa onde outras pessoas já morassem, sendo esse o jeito mais comum de descolar hospedagem por aqui. Então decidimos partir pra outra opção: encontrar um ape pequeno mas que a gente pudesse morar sozinhas. E ai começou toda uma loucura de procura, rejeição, visitas, decepções, desespero e, no final das contas, tivemos que pegar a unica opção que a gente tinha (um apto pra dividir com mais 4 pessoas, mas que a gente teria um quarto só nosso), ou iriamos dormir na rua, literalmente.
Acontece que aqui o sistema de moradia ta fora de controle, a sublocação é um dos únicos jeitos de conseguir um teto, mesmo que isso signifique dividir uma casa onde caberiam 4 pessoas com dignidade, pra 10 pessoas vivendo uma em cima da outra, com 3, 4 por quarto e um banheiro único. Não tem muito como se preparar, a situação real é essa mesmo e o meu conselho é que, se você está vindo, venha com a cabeça aberta para enfrentar esses desafios e não entrar em furadas de moradia por aqui. Outra dica é assinar um contrato sempre que pegar uma vaga, e o recibo de todos os seus pagamentos de aluguel. A gente nunca sabe o problema que pode aparecer amanha graças à essa falta de controle do governo, que autoriza a vinda de milhares de estudantes mas não regulariza um sistema de moradia adequada pra todo mundo.

3) A sua agencia pode te deixar na mão
Talvez uma das coisas mais importantes pra quem está vindo é poder contar com uma agencia que realmente te apoie durante o intercambio. Nós escolhemos a Egali por causa do preço mais em conta, mas principalmente, porque eles eram a única agencia com uma base física em Dublin e que, segundo os agentes, poderiam nos prestar ajuda e auxilio em todas as situações. Nada disso aconteceu, a unica coisa que eles nos ofereceram foi realmente aquilo pelo o que pagamos: duas semanas de acomodação e o transfer do aeroporto até a casa. Alguns dias antes da nossa acomodação vencer e enquanto ainda estávamos sem saber o que fazer, porque não achamos casa e não sabiamos pra onde ir, fomos até a Egali aqui em Dublin e explicamos tudo pra eles, que nos respoderam avisando que todas as suas vagas estavam preenchidas e não podiam fazer nada. "Procurem um hotel, ou hostel", eles nos aconselharam, mas àquela altura nenhuma pensão nem qualquer outra opção tinha vaga na cidade. Quando a gente explicou isso pra eles, novamente falaram que não podiam fazer nada e saímos de lá bem preocupadas com nossa próxima noite, que provavelmente seria ao relento. Por sorte conseguimos resolver tudo (sem a ajuda deles) e nos mudamos, até hoje ninguém se preocupou em saber qual foi nosso futuro ou perguntou por qualquer necessidade que a gente estivesse tendo. Em um momento tão delicado como esse, em que você se encontra em um pais novo sem conhecer ninguém, é sempre importante contar com alguém pra te socorrer em situações chatas como essa, e nesse ponto (e em muitos outros) a Egali deixou muito a desejar. Shame on you Egali!!

4) Nem todas as escolas fazem um teste realmente importante no final do Intercâmbio
Outra coisa que nos decepcionou aqui foi a nossa escola, Erin School. Na verdade a culpa é mais da nossa agente da Egali, e nossa mesmo, que não viu isso detalahadamente antes do embarque. Acontece que, no dia que fechamos o intercambio perguntamos algumas vezes como seria o sistema de avaliação do final do curso e que certificado a gente teria depois de fazer esses 6 meses de ingles por aqui, recebendo a resposta de que o curso incluido no nosso pacote era o T.I.E, tipicamente irlandes, mas que por um valro de 50 euros a gente poderia mudar pro Cambrige, IELTS ou Toefl. Logo no primeiro dia de aula fomos avisadas que não era nada disso, que a gente faria o T.I.E e, se quisesse, poderia fazer o IELTS por 100 euros (100 euros!!!!!!!!!!!!). Ficamos super decepcionadas, porque era realmente importante esse certificado pra gente, mas também nos culpamos por não ter colocado essa promessa da agencia no papel para poder cobrar agora. Então, se você está vindo procure saber sobre isso e tenha a atenção que a gente não teve.

Só pra reforçar, nosso intuito aqui ta longe de fazer você desistir de vir pra cá ou desistir desse sonho. A gente só quer que você venha com a preparação e as informações que a gente não teve. Se quiser bater um papo mais sério sobre isso chama a gente lá no @we3pin.
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