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Irlanda, um país Católico! 6 curiosidades sobre os irlandeses e a religião

  • Bruna Duque
  • 20 de mai. de 2018
  • 5 min de leitura

Que a Igreja católica predomina na Irlanda, muita gente sabe ou imagina, mas como esse fator ainda afeta o país nos dias de hoje? A gente não sabia nem da metade e ficou bem chocadas por descobrir, que em pleno séc. XXI, ainda existam lugares com pensamentos tão fechados e tradicionais.


Um breve momento histórico só pra você entender como a Igreja Católica é importante por aqui: A influência veio da Grã-Bretanha, lá no séc V, quando o famoso St. Patrick desembarcou nas terras vikings e começou a formar o que é hoje conhecido como cristianismo céltico. Durante muitos anos, a Irlanda sofreu com as indas e vindas dos colonos ingleses, deixando o povo fraco e sem esperança. Então a Igreja católica começou a se empoderar, junto ao Papado, e começou a reerguer o país. Durante o século XVI, a Coroa inglesa tentou trazer a Reforma protestante para a Irlanda, suprimindo a maioria católica e resultando em uma guerra civil. Só no século passado, por volta de 1921, os britânicos reconheceram a independência irlandesa, e logo depois, em 1922, a Irlanda foi dividida em duas: Irlanda do Norte, Protestante, e República da Irlanda, Católica. Os confrontos entre os dois se intensificaram ao longo do século, só se estabilizando meados do século XXI.


Isso é o resumo do resumo, e tem muito mais sobre a história daqui que queremos contar para vocês. Mas vamos voltar aos dias de hoje, e ao que realmente surpreendeu a gente em tão pouco tempo. As 6 curiosidades que descobrimos até agora sobre as tradições irlandesas ligadas à igreja católica:


1) A questão do aborto é muito forte e tá em destaque por aqui


Assim que chegamos em Dublin nos deparamos com dezenas de cartazes pró e contra o aborto, e descobrimos que no dia 25 de maio vai acontecer uma votação para um referendo, em que a discussão sobre o aborto pode ou não se tornar mais aberta. Isso significa que caso seja aprovada, o país não vai legalizar completamente ou incentivar mulheres a interromperem a gestação, mas sim abrir clínicas e lugares de apoios para gestantes que queiram fazer isso de forma segura.


Atualmente, segundo a Oitava Emenda da Constituição irlandesa, uma gravidez só pode ser interrompida no caso de risco de vida da mãe. E mesmo assim é uma decisão do médico, e não da gestante ou da família. Em 2012 um caso chamou atenção de todos, quando uma gestante de 17 semanas teve complicações e não permitiram interromper a gravidez. A indiana de 31 anos faleceu por conta disso.


No caso de incesto, estupro ou anormalidade fetal, o aborto é estritamente proibido, então dezenas de mulheres tem que buscar países mais abertos, como a Inglaterra, para fazerem o procedimento. Segundo números do Departamento de Estatísticas sobre a saúde no Reino unido, 3.265 irlandesas interromperam suas gestações em clínicas de aborto na Inglaterra em 2016. Mas nunca é tarde para repensar algumas leis, e no início de janeiro deste ano o primeiro passo foi dado, e após 35 anos os irlandeses podem decidir sobre reformar uma das leis mais restritivas do mundo sobre o aborto.





2) Métodos Contraceptivos são restritos


Até pouco tempo atrás - por volta de 1993 - era ilegal a venda de contraceptivos aqui na Irlanda. Ou seja, as pessoas precisavam ir até a Irlanda do Norte para comprar camisinhas e pílulas anticoncepcionais. Sim, é assustador, mas quando você anda pelas ruas de Dublin você começa a perceber um número alto de jovens grávidas ou com filhos.


Mesmo nos dias de hoje a venda de camisinhas, por exemplo, é feita de forma discreta e muitas vezes por mercado negro, também podendo ser encontradas em alguns mercados. A irlanda não é como no Brasil em que toda farmácia você as encontra exposta e com variedades. Aqui são poucos os lugares que expõem, e mesmo assim não tem variedade e são bem discretos, e ainda corre risco de levar um sermão sobre “não querer ter filhos”.


Já a pílula anticoncepcional é uma decisão tomada mais pelo médico do que por você. A receita é feita com validade de seis meses e só é concedida depois de explicar seus motivos para continuar não querendo ter filhos. Então todo semestre as irlandesas têm que retornar ao mesmo médico para pegar outra receita, caso ele ainda ache necessário.




3) Escolas primárias e religião também estão ligadas na Irlanda


Para começar ainda é muito comum aqui na Irlanda terem escolas primárias divididas por gênero. Ou seja, escola para meninos e escola para meninas. Sim estou tão chocada quanto você lendo isso, mas calma que não para por aí. Aproximadamente 96% das escolas primárias públicas são católicas, e como a taxa de natalidade aqui é relativamente alta, existem filas para você matricular seu filho em uma dessas escolas. São vários critérios utilizados, mas um deles é o batismo. Isso significa que se o seu filho não for batizado, ele vai para o final da fila, e os que são tem preferência. Alguém avisa que estamos em 2018!



4) Até o nome dos irlandeses são influenciados pela igreja


Aqui no curso de inglês a professora da Ju é uma irlandesa nascida em Galway, e em uma das aulas contou sobre seu nome diferente, Rachel Sarah. Segundo ela, aqui na Irlanda é tradicional que os bebês ganhem o nome do santo daquele dia, mesmo que seja de forma simbólica, como um segundo ou terceiro nome.


5) Ser mãe solteira não era fácil por aqui no séc XX


Isso pode parecer um episódio de The Handsmaid’s Tale (se você ainda não viu essa série, veja), mas não é, e estamos falando da Irlanda em meados de 1930. Nessa época ser mãe solteira era um absurdo, e para essa imagem não se propagar no país a igreja, junto com o governo, permitia a essas gestantes passar os 9 meses de gestação em uma espécie de abrigo, onde elas deveriam fazer trabalhos domésticos, independente do tamanho da barriga. Na maioria das vezes essas meninas eram mandadas até lá pelos pais, que preferiam fingir uma viagem de férias da filha a lidar com esse tipo de situação. Além de ficarem excluídas da sociedade durante toda a gravidez, as mães solteiras ainda precisavam entregar seus bebês para a adoção assim que esses nascessem, sem nunca poder saber seu paradeiro ou ter qualquer noticia.


É muito bizarro pensar que isso possa ter acontecido em algum momento da vida, mais bizarro pensar que aconteceu no século passado. Obviamente isso não existe mais, porém conseguimos ver a força que a Igreja teve e tem aqui na Irlanda.


6) Não existem motéis na Irlanda


Não é algo que chame a sua atenção logo de cara, mas aqui na Irlanda motéis são proibidos. Não existem, e se existem são clandestinos e rapidamente descobertos. Mais uma interferência católica na vida dos irlandeses, que abominam esse tipo de lugar e relações que acontecem ali. Como não existem motéis, as pessoas tem que pagar mais caro e optar por um hotel caso queiram ter um encontro romântico.



Não é um post fácil de ler, muito menos escrever. É realmente chocante o poder católico que ainda existe no país. Na própria constituição irlandesa existem menções católicas, e o preâmbulo, que é onde contém as ideias gerais de uma lei, decreto ou da constituição, eles dão todos os poderes à Igreja Católica.


‘In the Name of the Most Holy Trinity and of our Lord Jesus Christ, the Universal King, we the people of Ireland so full of gratitude to God who has so mercifully preserved us from innumerable dangers in the past; hereby, as an united independent Christian Nation, establish this Sovereign Society of the Irish people . . . and so in accordance with the principles laid down we freely and deliberately to the glory of God and honour of Ireland, sanction this constitution and decree and enact as follows.’


E pra finalizar esse post (juro que é a última coisa bizarra sobre isso que posto aqui hahahaa), achei um vídeo de educação sexual, PARA MENINAS, da década de 80 que era passado nas escolas. Cuidado pra não vomitar!


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